Passei a minha vida toda detestando iogurte. E não era uma intolerância, era não gostar mesmo! Há poucos meses abri a geladeira, escolhi um iogurte e o devorei inteiro. Adorei! E de lá para cá iogurte é parte da minha dieta.
Como explicar que algo que eu passei a vida inteira resistindo agora faz parte da minha rotina? Nem eu sei dizer! Só sei que mudei! E que bom! Mudamos quando nos permitimos mudar. E mudar é a grande graça da vida!
O problema é que mudar não é tão simples assim! Ninguém muda porque o outro mandou, mesmo porque isso não é mudar, é obedecer. Ninguém muda porque viu na TV, ou porque alguém falou que é bom. Isso pode ser experimentar. Desconsiderando as mudanças que a vida nos impõe sem pedir permissão como perder um emprego, uma pessoa querida, um acidente, mudar é um comando que cada um aciona sozinho. No dia em que bem entende. Minha mãe passou muitos anos tentando me provar que eu estava equivocada sobre o iogurte e eu resisti. Certamente muitas sugestões que recebemos de pessoas que nos cercam estejam corretas, mas a mudança só vai acontecer no dia que cada um decidir mudar.
Que seja mudar o trajeto, mudar o cabelo, mudar de casa, mudar de cidade, mudar de emprego, mudar os móveis de lugar ou mudar a mobília da alma. Isso só vai fazer efeito se for uma decisão espontânea.
Fernando Pessoa sabiamente nos diz "Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio. E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão".
Mudar é um exercício solitário. Às vezes fruto de longas e silenciosas observações, outras vezes resolvidas de supetão, mas sempre acordadas entre "eu e eu mesmo". Mudamos quando deixamos nossa teimosia de lado e nos permitimos enxergar as opções como verdadeiras possibilidades. Mudamos quando deixamos o outro sugerir sem nos aprisionarmos às sugestões.
Não adianta marcar a data, escolher o local ou preparar um bota-fora para comemorar a mudança que vamos fazer amanhã em nossas vidas, nada disso vai funcionar! Mudar só será realmente possível quando aquele famoso “der na telha” acertar em cheio a tecla <enter> de nossas cabeças teimosas. É uma simples questão de permissão! Caso contrário, vamos morrer programando mudar sem nunca sair do nosso confortável lugar.
Leila Rodrigues
Imagem da internet
Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 21/07/2015